Hospitais de MT estão na UTI, alerta CRM

Falta de medicamentos, salários em atraso, estrutura precária, esta é a situação de muitos hospitais no Estado de Mato Grosso.
Hospitais de MT estão na UTI, alerta CRM

Falta de medicamentos, salários em atraso, estrutura precária, esta é a situação de muitos hospitais no Estado de Mato Grosso. Segundo a presidente do Conselho Regional de Medicina de Mato Grosso, Maria de Fátima de Carvalho Ferreira, muitas unidades estão sendo mantidas “pela garra dos profissionais”. Segundo ela, os hospitais estariam funcionando em seus limites, na “UTI”, literalmente.

A presidente do Conselho confirma que muitas unidades já procuraram o CRM para comunicar a situação que tem se tornado insustentável. Os hospitais regionais de Sorriso, Cáceres e Rondonópolis são exemplos. Além das unidades em Lucas do Rio Verde e Sorriso.

Em Alta Floresta, com quatro meses de salários atrasados, médicos do Hospital Regional entregaram à direção da unidade uma carta relatando a situação “humilhante” que estão vivendo devido aos atrasos. Até o momento, os pagamentos de novembro e dezembro do ano passado e janeiro e fevereiro deste ano, não caiu nas contas dos profissionais. Eles ainda reclamam das estruturas físicas do local.

“A falta de dignidade e a dificuldade financeira, em adimplir simples compromissos como contas pessoais de água, energia, aluguel e de alimentação, faz com que gere insatisfação com a atual situação, é simplesmente humilhante trabalhar e não receber”, cita trecho da carta.

Maria de Fátima confirma que de fato a falta de condições tem se espalhado nos hospitais. Segundo ela, os problemas vêm de longa data e se acumulam a medida que não são resolvidos. “Apesar de tudo, os profissionais tem trabalhado com toda a garra. Eles trabalham sobre a pressão de ter que oferecer um atendimento de qualidade, são pressionados pelos usuários que querem ser atendidos e ainda trabalham sem receber. Muitos lugares suspenderam as cirurgias, estão sem medicamento, são vários problemas”, diz.

A presidente do CRM acredita que a mudança de secretariado na saúde possa trazer “a luz no fim do túnel” para as unidades. “A cada movimento que a gente vê, reacende a esperança de que as coisas vão melhorar”, ressalta. Neste último mês Luiz Soares assumiu a pasta de Saúde no lugar de João Batista, é o quarto secretário nos dois anos e três meses da gestão Pedro Taques.

No Hospital Regional de Sorriso a situação não é diferente, os atendimentos que haviam sido suspensos estão sendo retomados aos poucos sob a garantia de pagamentos. O Estado ainda tem pendente com a unidade quase R$ 3 milhões em atrasos, referentes aos repasses de dezembro de 2016, janeiro e fevereiro de 2017. O local que teve as cirurgias eletivas interrompidas começa a retomar os procedimentos.

No entanto, os problemas vão muito além dos repasses. A unidade já perdeu a credibilidade com fornecedores e muitos insumos já estão em falta. Medicamentos essenciais como o antibiótico ‘cefalotina’ já não tem mais para o tratamento de pacientes. Para os trabalhos de partos a ‘ocitocina’ já não tem mais disponível. O medicamento acelera o trabalho de parto.

Em nota a Secretaria de Estado de Saúde confirmou que a regularização total dos repasses para a saúde esta prevista para ocorrer até o final de abril. “Os recursos serão garantidos graças ao empenho das demais pastas, pelo corte de despesas e por acordos tributários que estão sendo firmados pelo Comitê Interinstitucional de Recuperação de Ativos (Cira) com empresas devedoras ao Fisco estadual”, confirma nota.

PROBLEMA CRÔNICO

Um problema mais grave ainda no Hospital Regional de Sorriso que estaria inclusive comprometendo os procedimentos é a rede elétrica. A unidade que tem 30 anos nunca teve a rede elétrica feita por completo. Assim, a rede fica sobrecarregada. Uma funcionária do hospital confirmou que muitos equipamentos já queimaram ou foram para assistência devido aos problemas na rede elétrica.

“Aqui não conseguimos ligar equipamentos que consomem mais energia ao mesmo tempo. Por exemplo, se ligo a autoclave para esterilizar instrumentos, não consigo usar o tomógrafo para fazer exame. Isso atrapalha muito até os trabalhos dos profissionais. Nosso hospital precisa ter a rede elétrica refeita para atender 100% da demanda”, reforça a funcionária.

Fonte Diário de Cuiabá

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