Publicitário revela que descontou cheque repassado por Selma Arruda em factoring

"Junior Brasa" explicou que suplente de candidata ao Senado autorizou operação
Publicitário revela que descontou cheque repassado por Selma Arruda em factoring

Um dos cheques utilizados para pagamento por serviços de mídia e publicidade da candidata ao Senado, Selma Arruda (PSL), foi trocado numa factoring - modalidade de negócios que abrange a troca de duplicatas, promissórias ou cheques pré-datados por dinheiro à vista. Apesar de regulamentada, este tipo de atividade profissional esta por trás de diversos escândalos de corrupção, entre os quais os investigados nas operações “Sodoma” e também na “Ararath”.

O valor do cheque seria de R$ 150 mil. A informação consta de um processo movido pela Genius at Work Produções Cinematográficas, que cobra de Selma Arruda R$ 1.160.731,82 milhão por serviços de mídia não pagos e também pela rescisão do contrato que ambas as partes haviam fechado em abril de 2018, no valor total de R$ 1.882.000,00 milhão.

A ação foi assinada pelos advogados Luíz José Ferreira e Robélia da Silva Menezes no dia 28 de setembro deste ano. Segundo o processo, Selma Arruda repassou cinco cheques entre os meses de abril e setembro, que totalizaram R$ 650 mil. “Foram pagas as demais parcelas da entrada através de cheques emitidos da mesma conta particular da requerida Selma Rosane em 04/05/2018 e 21/05/2018, respectivamente, ambos no valor de R$ 150.000,00 o que totalizou o valor da entrada de R$ 450.000,00, em 16/07/2018 foi emitido o cheque da mesma conta particular da requerida Selma Rosane no valor de R$ 100.000,00”, diz trecho da ação

Um sexto cheque, de R$ 150 mil, foi repassado pelo 1º suplente da candidata na chapa, Gilberto Possamai, na data de 7 de agosto de 2018, mas pré-datado para ser descontado um mês depois, no dia 7 de setembro. A ação informa que este cheque teria sido descontado numa factoring em razão da necessidade de pagamento da folha dos funcionários contratados para gerenciar a campanha de mídia de Selma.

A transação teria sido autorizada por Possamai “formalmente”, por meio de uma ligação telefônica e também via email. “[Foi pago] o valor de R$ 150.000,00 pagos através de cheque emitido pelo candidato suplente de sua chapa Gilberto Possamai  na data de 07/08/2018 pré-datado para 07/09/2018. Diante da necessidade eminente de efetuar pagamento da folha de pessoal contratada para os serviços especializados fez necessário descontar o cheque em factoring, mediante a autorização formal do emitente por e -mail e por telefone”, diz outro trecho da ação.

CAIXA 2

A ação de cobrança movida pela Genius at Work fez com que o candidato ao Senado, Sebastião Carlos de Carvalho (Rede), ajuizasse uma representação no Tribunal Regional Eleitoral (TRE-MT) contra Selma Arruda por gastos de campanha eleitoral em período anterior ao autorizado pela Justiça Eleitoral. De acordo com o processo, dos cinco cheques repassados por Selma Arruda, 4 deles foram utilizados para pagamentos por serviços fornecidos em período anterior às convenções partidárias, ocorridas no início de agosto deste ano.

Segundo a legislação eleitoral, só após as convenções é que é possível contratar empresas para emissão de nota fiscal no CNPJ da própria candidatura.

Os quatro primeiros cheques pagos por Selma Arruda, que totalizam R$ 550 mil, foram repassados entre 10 de abril e 16 de julho deste ano – anteriores, portanto, às convenções partidárias, que ocorreram entre os dias 20 de julho e 5 de agosto de 2018. “Pelo que se evidencia, a Requerida em conjunto com seu suplente realizaram gastos e quitaram despesas em período vedado, obtendo vantagem no pleito perante os demais concorrentes, afetando assim a lisura e equilíbrio nas eleições, na medida em que foi beneficiada com serviços de campanha eleitoral muito antes dos demais candidatos”, diz trecho da representação.

A denúncia de gastos irregulares vai além e sugere até mesmo a prática de Caixa 2 (gastos com campanha eleitoral não declarados à Justiça). De acordo com a representação, a prestação de contas de todos os candidatos mato-grossenses, nos diversos cargos disponíveis nas eleições de 2018, está disponível no site do Tribunal Regional Eleitoral (TER-MT).

Porém, ao consultar pela candidata Selma Arruda, o site informa que ela declarou apenas R$ 413.164,39 - deixando de informar que ela própria, por meio de 4 cheques que totalizaram R$ 550 mil, pagou à empresa que prestou os serviços de publicidade e mídia. Outros R$ 150 mil, obtidos pelo cheque que foi trocado na factoring, teria sido depositados pelo 1º suplente da chapa ao Senado, Gilberto Eglair Possamai, totalizando os R$ 700 mil. “Desta forma Excelência está comprovado que a Representada realizou a prática ilícita de caixa dois em sua campanha eleitoral, utilizando recursos indevidos para a sua campanha eleitoral”.

A representação ainda será analisada pela Justiça Eleitoral. Selma Arruda se defende dizendo que foi vítima de uma “armação”.

 

Fonte Folha Max

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