Pressão de produtores americanos contribuiu para suspensão de carne brasileira pelos EUA, diz ministro

Blairo Maggi afirmou que produtores dos Estados Unidos sempre foram contra a importação da carne brasileira. Suspensão foi anunciada pelos EUA na semana passada.
Pressão de produtores americanos contribuiu para suspensão de carne brasileira pelos EUA, diz ministro

O ministro da Agricultura, Blairo Maggi (PP), disse acreditar que a pressão dos produtores norte-americanos contribuiu para que os Estados Unidos decidissem suspender temporariamente a importação da carne bovina fresca brasileira. A declaração foi dada em entrevista à Rádio Centro América FM, de Cuiabá, nesta segunda-feira (26). A suspensão foi anunciada pelos EUA na última quinta-feira (22).

O Brasil havia conseguido autorização para exportar esses produtos aos americanos em julho do ano passado, depois de 17 anos de negociações. Segundo o ministro, ao longo de todo o tempo de negociação entre os dois países, os produtores daquele país se posicionaram contra a importação.

"Quando conseguimos a autorização, eles fizeram um verdadeiro levante pedindo a suspensão e não conseguiram. E agora, na primeira oportunidade em que surgiu um problema, houve a suspensão e eu quero crer que a pressão dos produtores americanos tem muito a ver com isso", disse.

De acordo com Maggi, a expectativa é de que toda a situação do embargo seja resolvida até a próxima semana. Ele afirmou que as mudanças norte-americanas nas formas de fiscalização e procedimento nas salas de desossa já foram publicadas na sexta-feira (23) e estão sendo submetidas à avaliação do departamento americano de agricultura.

"Se aceito, e acredito que será, temos o segundo momento, que é a situação política de voltar a ter autorização para um novo embarque dessas mercadorias. Estou otimista e espero que possamos resolver esse assunto até a próxima semana. O Brasil tem o direto legal de fazer o envio de carne para lá se atender às exigências fitossanitárias e de qualidade do produto e é o que nós vamos insistir agora", afirmou.

Impacto da operação 'Carne Fraca'

O ministro afirmou que a operação "Carne Fraca", deflagrada pela Polícia Federal em março deste ano para apuração de irregularidades em frigoríficos nacionais, foi uma grande oportunidade dada pelo Brasil aos concorretes mundiais, pois deu a chance ao mercado externo para que desconfiasse dos produtos brasileiros.

Após a operação, os Estados Unidos intensificaram os testes à carne brasileira e diversos países impuseram medidas restritivas à carne brasileira, como a suspensão de importações e o aumento dos testes de qualidade.

"A operação Carne Fraca era uma investigação de conduta de agentes públicos e acabou virando uma operação de qualidade carne brasileira, pelo menos no dia da deflagração. E na Europa, nos Estados Unidos, na Ásia e no Oriente Médio, a operação ficou conhecida como 'Carne Podre', ou seja, a tradução ficou ainda pior. Então, todos aqueles que tinham algum problema com o Brasil, que querem diminuir nossos preços, tirar nossa importância, se agarraram à isso", disse.

Situação de Mato Grosso

Blairo Maggi avalia que a situação da pecuária mato-grossense ficou bastante complicada após o embargo dos Estados Unidos. Na avaliação do ministro da Agricultura, a única alternativa viável para o reequilíbrio do mercado seria a reabertura das plantas frigoríficas que estão fechadas no estado, para aumentar a procura por bois vivos.

"Tenho conversado com muitos produtores que estão intranquilos, os preços tem caído muito e talvez a única alternativa que temos agora é reabrir essas dezenas de plantas fechadas. Além disso, o Mapa já demandou ao BNDES [Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social] uma linha de crédito especial para que esses donos de frigoríficos possam voltar o mais rápido possível a funcionar e reequilibrar o mercado", afirmou.

De acordo com o ministro, a demanda no mercado interno está boa e tudo o que está sendo abatido está sendo vendido. "Não há um encalhe de mercadoria. E também o mercado internacional, onde o Brasil atua, está fluindo normal", disse.

Abcessos na carne

De acordo com Maggi, a decisão dos EUA se baseia no aparecimento de abcessos na carne, que são formações inflamatórias provenientes da vacinação contra a febre aftosa no Brasil. Isso ocorre, segundo ele, quando a aplicação da vacina não é feita no local correto. O Mapa deve apurar se o aparecimento dos abcessos ocorre pela má utilização da vacina contra a febre aftosa e ou se foi provocado pelo veículo usado para levar a vacina ao animal.

Fonte G1 MT

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